Infográfico: Incas (Discovery Channel)



Bom Dia pessoal,

Hoje trago à vocês um ótimo meio de conhecimento e entretenimento, chama-se INFOGRÁFICO!
Trata-se de um aplicativo criado pela Discovery Channel, que disponibilizou em seu site, um modo de interagirmos e aprendermos de forma simples e prática. Nesse em específico, você poderá conduzir-se em rotas Incas na América do Sul.



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A Batalha de Poitiers



A Batalha de Poitiers ocorrida em732 ficou conhecida como um dos mais célebres conflitos que envolveram muçulmanos e cristãos. E isto pelo fato da batalha ter sido apresentada como a ação militar que conseguiu deter as tropas islâmicas de adentrarem ainda mais o continente europeu, após a rápida tomada da Península Ibérica.


Os conflitos entre muçulmanos e francos haviam se intensificado em 722, quando as tropas comandadas pelo duque Eudes da Aquitânia conseguiram conter os islâmicos em Toulouse, após terem atravessado os Pirineus. Dez anos depois, a ameaça se fazia novamente presente, com a diferença de que o duque Eudes se sentia incapaz de enfrentar novamente a cavalaria dos mouros. A saída foi pedir auxílio militar a seu rival, Carlos, rei dos francos.

Comandados por Abd al-Rahman, emir de Córdoba, os islâmicos haviam já conquistado Avignon, Viviers, Valence, Vienne, Lyon e Bourdeaux, quando o exército liderado por Carlos se colocou em um sítio localizado entre Poitiers e Tours. Porém, o exército europeu era composto predominantemente pela infantaria, lutando em terra, em uma formação muito próxima à adotada pelos exércitos macedônios e romanos. A cavalaria utilizada pelos muçulmanos os havia colocado em vantagem anteriormente, o que acabou não ocorrendo na Batalha de Poitiers.

Falanges formadas pelo exército de Carlos, dispostas em forma de quadrados e dotadas de escudos, machados, punhais e lanças, postaram-se em uma colina à espera do ataque das tropas de Abd al-Rahman. Durante dois ou sete dias (informações que diferem de acordo com a fonte, cristã ou islâmica), as tropas se enfrentaram em sangrentas batalhas, que foram vencidas pelos cristãos. A Batalha de Poitiers foi um dos raros conflitos em que uma infantaria venceu a cavalaria.

O golpe final dado pelos cristãos se deu depois que invadiram o acampamento dos muçulmanos e saquearam os tesouros que haviam pilhado durante as invasões às várias cidades francesas. A notícia de ataque ao acampamento levou à retirada de muitos cavaleiros islâmicos para salvar o seu butim. Na desorganização das tropas, Abd al-Rahman acabou se aproximando das linhas de defesa montadas por Carlos, sendo morto pela lança de um combatente. No dia seguinte, sem seu comandante e possivelmente sem parte dos tesouros pilhados, os muçulmanos recuaram, abandonando o local de batalha.

Carlos recebeu, após a batalha, a alcunha de Martel, significando “aquele que golpeia com um martelo”. Outra consequência da Batalha de Poitiers foi a expansão do império franco porCarlos Martel, conquistando a região dominada pelo duque da Aquitânia.
A Batalha de Poitiers ficou relegada à história como o momento de contenção da invasão islâmica na Europa, que colocava em risco a civilização cristã, que ainda não havia alcançado seu auge. Entretanto, novas incursões islâmicas ocorreram após este período, indicando que a construção dessa imagem de contenção da invasão pode ter sido feita com o objetivo de enaltecer as conquistas francas e contribuir com alguns elementos para a formação do nacionalismo francês.
Bataille de Poitiers.jpg

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A Invenção da Escrita


    A História teve início com a Invenção da Escrita. O primeiro capitulo abre-se na Mesopotâmia, no vale do rio Tigre e Eufrates, por volta de 4000 a.C. Os sumérios, primeiro povo da Civilização Mesopotâmia, inventaram a escrita. Desde o início dos tempos, o homem tentava se comunicar. Na Pré-História o ser humano buscou se expressar através de desenhos pintados nas paredes de cavernas.

    
Da necessidade humana de se expressar, os Sumérios criaram a Escrita Cuneiforme. Esta escrita era feita com ajuda de uma cunha, dai vem o nome Cuneiforme. As palavras eram escritas em tabletes de barro mole que se secavam ao sol. A Invenção da Escrita marca o início da Idade Antiga.
      Os arqueólogos modernos descobriram bibliotecas inteiras na Mesopotâmia, sendo a mais famosa a que pertencia ao rei Assurbanipal, encontrada em Nínive, no Iraque. A Biblioteca de Assurbanipal contava com mais de 20 mil tabuletas.
      A escrita cuneiforme evoluiu com o tempo, foi largamente usada pelos povos da Mesopotâmia. Esses povos adaptaram a escrita cuneiforme as suas próprias línguas. No início, os símbolos possuíam valor pictográfico (desenho de mão significava mão), mas, aos poucos passaram a ter também valor silábico.
       A palavra irmão era descrita pela imagem de duas pernas ao lado de uma mão. Fazendo a divisão silábica a moda antiga seria assim: A imagem de duas pernas andando passa a ideia de  "IR" enquanto palavra mão da a ideia de "MÃO". Somando: IR+MÃO = IRMÃO.
Povos de línguas diversas como os sumérios, babilônicos, hititas e persas fizeram cerca de 350 caracteres cuneiformes.        

Hieróglifos

     Os egípcios do Vale do Nilo aperfeiçoaram escrita pictográfica. A escrita egípcia era conhecia como hieroglifos. Essa escrita foi uma das mais difíceis de decifrar pelos arqueólogos contemporâneos. A primeira pessoa a decifrar a escrita cuneiforme na Idade Contemporânea foi o alemão Georg Friendrich Grotefrend em 1802.

A Evolução da Escrita

   Os Fenícios, civilização que vivia numa região do mar mediterrâneo onde hoje se situa-se o Líbano, inventaram o alfabeto. Eles criaram 22 sinais para representar o som das consoantes. Algum tempo depois, os gregos incrementaram este alfabeto inventando as letras vogais. Até aos dias de hoje o Alfabeto Fenício aperfeiçoado pelos gregos é usado pelas Civilizações Ocidentais. O alfabeto grego é muito usado na linguagem cientifica e matemática. 

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Augusto, o primeiro Imperador de Roma

 Bom amigos, como vocês devem ter aprendido na escola, o Império Romano foi alvo de grande repercussão histórica durante todos as épocas. Grandes guerras foram iniciadas, e vidas foram "desperdiçadas" para que se mantivesse sua ascensão. O mais conhecido líder desse grande império foi Júlio César, um grande general e também político. Acreditava-se que ele também fosse o primeiro Imperador de Roma.
  Mas com base em anos de estudo, descobriu-se que quando César governou roma, ainda não podia ser considerado um verdadeiro imperador. Isso porque, a principal missão de César era acabar com a república normativa que era imposta por seus corruptos senadores, e impor sua própria democracia. A primeira parte de seu plano, que era escorraçar muitos dos políticos de roma ele conseguiu, mas depois disso ele viveu em meio a vários amigos falsos e pretendentes de seu trono. Não estou dizendo que ele não fez nada a favor de Roma, muito menos pelo contrário, mas um verdadeiro exemplo de Império viria com seu sucessor, e filho adotivo, Octaviano. Mas primeiro irei contar como este chegou ao poder!
  Após o assassinato de César em 44 a.C, ouve uma grande dificuldade em escolher o novo governador de Roma, pois este não teve a oportunidade de escolher seu sucessor. A escolhas estavam entre Marco Antônio, um grande general e amigo de César, e seu filho adotivo(que antes era seu sobrinho) Octaviano.
Por causa dessa dúvida, o Império Romano foi divido entre os dois. A parte do Oriente, que disponibilizava de grandes possibilidades de expansão, para Marco Antôno. E o Ocidente para Octaviano. Os dois logo iniciaram uma série de assassinatos em vingança de Júlio César.
     Chegou uma hora em que os dois sabiam que um dia deviam se enfrentar e provar para o povo de Roma quem era o merecedor do pode absoluto do Império.
    Depois de ter uma filha, chamada Júlia, com sua primeira mulher Escribónia, logo se cansou desta e se casou, um ano depois com Líbia. Logo depois disso, Octaviano ofereceu a mão de sua irmã, Octavia, para Marco Antônio, que foram morar juntos em Atenas. Mas Antônio não tinha olhos para ela, e sim para Cleópatra, a rainha do Egito, mandando assim Octavia humilhada de volta para Roma, e sem se divorciar casou-se com Cleópatra(só lembrando que Cleópatra já tinha seduzido Júlio César e teve uma filha com ele!). A rainha do Egito queria usar Antônio para chegar ao poder do Império Romano, e igualmente Marco queria usar as riquezas da rainha.
   Logo que a notícia desse casamento chegou em Roma, era tudo o que Octaviano precisava para ganhar a confiança do povo de Roma, dizendo-lhes que Marco Antônio estava conspirando contra o Império casando com uma inimiga já declarada. O povo o apoiou.
  Levou quatro anos para que Octaviano montasse seu exército e partisse para a batalha de Accio contra Antônio. Agrípa, grande general romano, ganho a batalha naval para Octaviano. Marco Antônio voltou humilhado para o Egito, onde se suicidou. A rainha Cleópatra, marcou uma audiência com Octaviano para relembra-lo do amor que ela sentia por Júlio César, mas ele não queria saber de perdões; queria a expor como um triunfo de guerra para toda a Roma. Cléopatra já sabendo seu terrível destino, se suicidou com a mordida de uma cobra venenosa. Assassinou até o filho de César com Cleópatra, Cesariano. 

Statue-Augustus.jpg
Estátua de Augusto


 Octaviano retornou a Roma em 29 a.C, e se declarou imperador Romano, assumindo o nome de César Augusto. Sob seu governo, o Império Romano tornou-se uma monarquia austera e com controle centralizado. Com ele, também a língua latina e o alfabeto romano tornaram-se padrão para toda a Europa. Foi ele também que governava durante o período em que a Pax romana( ou paz romana) reinou sobre "todo mundo conhecido".
  


  

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As Cruzadas

   De 1096 a 1270, expedições foram formadas sob o comando da Igreja, a fim de recuperar Jerusalém (que se encontrava sob domínio dos turcos seldjúcidas) e reunificar o mundo cristão, dividido com a “Cisma do Oriente”. Essas expedições ficaram conhecidas como Cruzadas.
A Europa do século XI prosperava. Com o fim das invasões bárbaras, teve início um período de estabilidade e um crescimento do comércio. Consequentemente, a população também cresceu. No mundo feudal, apenas o primogênito herdava os feudos, o que resultou em muitos homens para pouca terra. Os homens, sem terra para tirar seu sustento, se lançaram na criminalidade, roubando, saqueando e sequestrando. Algo precisava ser feito.

Como foi dito anteriormente, o mundo cristão se encontrava dividido. Por não concordarem com alguns dogmas da Igreja Romana (adoração a santos, cobrança de indulgências, etc.), os católicos do Oriente fundaram a Igreja Ortodoxa. Jerusalém, a Terra Santa, pertencia ao domínio árabe e até o século XI eles permitiram as peregrinações cristãs à Terra Santa. Mas no final do século XI, povos da Ásia Central, os turcos seldjúcidas, tomaram Jerusalém. Convertidos ao islamismo, os seldjúcidas eram bastante intolerantes e proibiram o acesso dos cristãos a Jerusalém.

Em 1095, o papa Urbano II convocou expedições com o intuito de retomar a Terra Sagrada. Os cruzados (como ficaram conhecidos os expedidores) receberam esse nome por carregarem uma grande cruz, principal símbolo do cristianismo, estampada nas vestimentas. Em troca da participação, ganhariam o perdão de seus pecados.

A Igreja não era a única interessada no êxito dessas expedições: a nobreza feudal tinha interesse na conquista de novas terras; cidades mercantilistas como Veneza e Gênova deslumbravam com a possibilidade de ampliar seus negócios até o Oriente e todos estavam interessados nas especiarias orientais, pelo seu alto valor, como: pimenta-do-reino, cravo, noz-moscada, canela e outros. Movidas pela fé e pela ambição, entre os séculos XI e XIII, partiram para o Oriente oito Cruzadas.
A primeira (1096 – 1099) não tinha participação de nenhum rei. Formada por cavaleiros da nobreza, em julho de 1099, tomaram Jerusalém. A segunda (1147 – 1149) fracassou em razão das discordâncias entre seus líderes Luís VII, da França, e Conrado III, do Sacro Império. Em 1189, Jerusalém foi retomada pelo sultão muçulmano Saladino. A terceira cruzada (1189 – 1192), conhecida como ‘”Cruzada dos Reis”, contou com a participação do rei inglês Ricardo Coração de Leão, do rei francês Filipe Augusto e do rei Frederico Barbarruiva, do Sacro Império. Nessa cruzada foi firmado um acordo de paz entre Ricardo e Saladino, autorizando os cristãos a fazerem peregrinações a Jerusalém. A quarta cruzada (1202 – 1204) foi financiada pelos venezianos, interessados nas relações comerciais. A quinta (1217 – 1221), liderada por João de Brienne, fracassou ao ficar isolada pelas enchentes do Rio Nilo, no Egito. A sexta (1228 – 1229) ficou marcada por ter retomado Jerusalém, Belém e Nazaré, cidades invadidas pelos turcos. A sétima (1248 – 1250) foi comandada pelo rei francês Luís IX e pretendia, novamente, tomar Jerusalém, mais uma vez retomada pelos turcos. A oitava (1270) e última cruzada foi um fracasso total. Os cristãos não criaram raízes entre a população local e sucumbiram.

As Cruzadas não conseguiram seus principais objetivos, mas tiveram outras consequências como o enfraquecimento da aristocracia feudal, o fortalecimento do poder real, a expansão do mercado e o enriquecimento do Oriente.

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11 de Setembro

Atingidas por dois aviões comerciais, as torres gêmeas do WTC queimam no céu de Nova York em 11 de setembro de 2001 - Gulnara Samoilova/APGulnara Samoilova/AP
Os ataques terroristas do 11 de Setembro mudaram o mundo em questão de horas. A primeira reação foi questionar: por quê? O que levou 19 muçulmanos a sequestrar jatos comerciais com 40 mil litros de combustível e transformá-los em bombas contra civis? A escassez de explicações para o 11 de Setembro fez do cientista político Samuel Huntington o profeta do momento. Ele passou os anos 90 defendendo que o mundo pós-Guerra Fria seria marcado por conflitos entre identidades culturais, entre as quais a islâmica era a mais encrenqueira. As democracias ocidentais, pluralistas e liberais, seriam sua nêmesis. O choque de civilizações foi a primeira sequela do 11 de Setembro: um surto de islamofobia.
Tragédia consumada, o presidente George W. Bush não tinha outra opção senão um revide proporcional ao golpe. Mas dessa vez o adversário não era um Estado. Na falta de alvos convencionais, ele declarou "guerra ao terror", anunciando sanções contra países que protegessem terroristas e prenunciando as primeiras ações no Afeganistão. Bush encontrou sua doutrina e, os EUA, o unilateralismo após o 11 de Setembro.
Dez anos depois, o esforço consumiu US$ 5 trilhões e contribuiu para o buraco nas contas públicas do país. Pior do que o déficit econômico, porém, foi o desgaste moral. Para trancafiar terroristas capturados, os EUA criaram um centro de detenção emGuantánamo, Cuba, até hoje um espinho na garganta da nação que era arauto dos direitos humanos.
A vida dos americanos também nunca mais foi a mesma depois do 11 de Setembro. A Lei Patriótica deu ao presidente o direito de prender sem acusação prévia suspeitos deterrorismo. Pouco depois, Bush mandou grampear telefonemas e e-mails de cidadãos sem permissão judicial. Viajar de avião virou uma via-crúcis. A segurança nos aeroportos foi reforçada e a inspeção de passageiros aumentou as filas, os atrasos e o desconforto.

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A Guerra do Golfo

  A Guerra do Golfo foi um conflito armado que começou em agosto de 1990, após as tropas iraquianas terem invadido o Kuwait.

Causas da Guerra

Um dos motivos da invasão alegado pelo presidente iraquiano, Saddam Hussein, foi que o Kuwait estava prejudicando o Iraque no comércio de petróleo, vendendo o produto por um preço muito baixo. Com isso, o Iraque estaria perdendo mercado consumidor e precisando baixar o preço de seu petróleo no mercado internacional. Para diminuir os prejuízos, o Iraque pediu uma indenização milionária ao governo do Kuwait. O governo do Kuwait não aceitou a reivindicação de indenização e não efetuou o pagamento.

Havia também outro problema envolvendo os dos países do Oriente Médio. O Iraque reivindicava a devolução de um território que pertencia ao Kuwait, mas que o governo iraquiano afirmava que fez parte do Iraque no passado.

Como o Kuwait não pagou a indenização pretendida pelo Iraque e não entregou o território, o governo iraquiano enviou tropas que ocuparam o Kuwait, tomando os poços de petróleo.

O desenvolvimento da guerra

A ONU (Organização das Nações Unidas) condenou a invasão e emitiu um documento exigindo a retirada imediata das tropas iraquianas do Kuwait. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos deslocaram tropas e aviões para a Arábia Saudita, preparando-se para uma ação militar.

Como o Iraque não retirou seu exército do Kuwait, a ONU autorizou a invasão militar do Iraque por um grupo de países (Inglaterra, França, Egito, Síria, Arábia Saudita), liderados pelos Estados Unidos. O ataque ao Iraque teve inicio em janeiro de 1991 e durou um mês e meio.

Fim da Guerra

O Iraque foi derrotado (o cessar fogo foi aceito em abril de 1991) e teve que retirar suas tropas do vizinho Kuwait, além de sofrer com o embargo econômico imposto pela ONU.
Milhares de soldados e civis morreram ou ficaram mutilados nesta guerra e os prejuízos econômicos também foram gigantescos. Porém, Saddam Hussein continuou no poder do Iraque e reorganizou, com o passar dos anos, a economia e o exército iraquiano.

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Faixa de Gaza

  A Faixa de Gaza é um território no Oriente Médio com baixo desenvolvimento, é um dos lugares mais conturbados do mundo por causa das presentes disputas.

O território designado como Faixa de Gaza foi dominado durante séculos pelo Império Otomano. A posse da região só mudou de dono com o término da Primeira Grande Guerra Mundial, quando os britânicos passaram a ter o controle do local. Após o término da Segunda Grande Guerra Mundial  a situação ficou mais tensa no Oriente Médio e foi criado oEstado de Israel. Os conflitos que se ligam à criação e à existência deste fizeram com que a região de Gaza recebesse milhares de refugiados palestinos que foram expulsos de Israel.
O termo “Faixa de Gaza” tem origem na Antiguidade, o nome é uma referência à principal cidade da região, Gaza. O local é situado no Oriente Médio e faz fronteiro com o Egito, ao sul, com Israel, ao norte e leste, e banhado pelo Mar Mediterrâneo. Com aproximadamente 41 Km de extensão, a Faixa de Gaza apresenta largura que varia entre os 6 e 12 Km, totalizando 360 Km². O território foi dividido em cinco partes: Rafah, Khan Yunis, Dayr AL-Balah, Cidade de Gazae Norte de Gaza. É uma região árida de clima temperado, marcada por ser plana, tendo como maior altitude 105 m.
A região apresenta precárias condições de vida, não há infra-estrutura adequada e consequentemente a economia é extremamente debilitada. Apenas 13% das terras da Faixa de Gaza são aráveis. Mesmo sem oferecer condições, a Faixa de Gaza é um dos territórios mais densamente povoados da Terra, conta com 1,4 milhões de habitantes no pequeno território referido anteriormente. Sua população é extremamente marcada pela religião islâmica, sendo mais de 99% dos habitantes fiéis muçulmanos. Entre estes se destaca ainda a soberania dos muçulmanos sunitas. O restante da população professa a fé cristã, mas não soma sequer 1% dos habitantes. A língua mais falada na Faixa de Gaza é o árabe, seguida pelo hebraico.
O território da Faixa de Gaza é extremamente conflituoso, é disputado e ocupado militarmente por outros países. Há um constante clima de tensão na região por causa de correntes conflitos. A região não é oficialmente reconhecida como parte integrante de algum país soberano, a Faixa de Gaza é toda cercada por muralhas nas divisas com Israel e com o Egito. A Autoridade Nacional Palestina, contudo, reivindica a região como território pertencente aos palestinos.
A inconsistência sobre quem é o verdadeiro dono do território da Faixa de Gaza gerou vários conflitos no local. Além disso, fazem parte do conflito as características religiosas dos habitantes do local, os quais se chocam principalmente com os israelenses. Israel, por sinal, ocupou militarmente a região entre junho de 1967 e agosto de 2005. Hoje ainda, Israel é o responsável pelo controle do espaço aéreo e do acesso marítimo à Faixa de Gaza.
No ano de 2007, em junho, um confronto armado envolvendo o Fatah e o Hamas transferiu o controle da Faixa de Gaza para o Hamas.

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Primavera Árabe

    Em dezembro de 2010 um jovem tunisiano, desempregado, ateou fogo ao próprio corpo como manifestação contra as condições de vida no país. Ele não sabia, mas o ato desesperado, que terminou com a própria morte, seria o pontapé inicial do que viria a ser chamado mais tarde de Primavera ÁrabeProtestos se espalharam pela Tunísia, levando o presidente Zine el-Abdine Ben Ali a fugir para a Arábia Saudita apenas dez dias depois. Ben Ali estava no poder desde novembro de 1987.
Zine el-Abdine Ben Ali

   Inspirados no "sucesso" dos protestos na Tunísia, os egípcios foram às ruas. A saída do presidente Hosni Mubarak, que estava no poder havia 30 anos, demoraria um pouco mais. Enfraquecido, ele renunciou dezoito dias depois do início das manifestações populares, concentradas na praça Tahrir (ou praça da Libertação, em árabe), no Cairo, a capital do Egito. Mais tarde, Mubarak seria internado e, mesmo em uma cama hospitalar, seria levado a julgamento.
Hosni Mubarak
   A Tunísia e o Egito foram às urnas já no primeiro ano da Primavera Árabe. Nos dois países, partidos islâmicos saíram na frente. A Tunísia elegeu, em eleições muito disputadas, o Ennahda. No Egito, a Irmandade Muçulmana despontou como favorito nas apurações iniciais do pleito parlamentar.
Símbolo do movimento Ennahda.

  A Líbia demorou bem mais até derrubar o coronel Muamar Kadafi, o ditador que estava havia mais tempo no poder na região: 42 anos, desde 1969. O país se envolveu em uma violenta guerra civil, com rebeldes avançando lentamente sobre as cidades ainda dominadas pelo regime de Kadafi. Trípoli, a capital, caiu em agosto. Dois meses depois, o caricato ditador seria capturado e morto em um buraco de esgoto em Sirte, sua cidade natal.
Muamar Kadafi.


O último ditador a cair foi Ali Abdullah Saleh, presidente do Iêmen. Meses depois de ficar gravemente ferido em um atentado contra a mesquita do palácio presidencial emSanaa, Saleh assinou um acordo para deixar o poder. O vice-presidente, Abd Rabbuh Mansur al-Radi, anunciou então um governo de reconciliação nacional. A saída negociada de Saleh foi também fruto de pressão popular.
Ali Abdullah Saleh.

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O Apartheid

O termo apartheid se refere a uma política racial implantada na África do Sul. De acordo com esse regime, a minoria branca, os únicos com direito a voto, detinha todo poder político e econômico no país, enquanto à imensa maioria negra restava a obrigação de obedecer rigorosamente à legislação separatista.

A política de segregação racial foi oficializada em 1948, com a chegada do Novo Partido Nacional (NNP) ao poder. O apartheid não permitia o acesso dos negros às urnas e os proibia de adquirir terras na maior parte do país, obrigando-os a viver em zonas residenciais segregadas, uma espécie de confinamento geográfico. Casamentos e relações sexuais entre pessoas de diferentes etnias também eram proibidos.

A oposição ao apartheid teve início de forma mais intensa na década de 1950, quando o Congresso Nacional Africano (CNA), organização negra criada em 1912, lançou uma desobediência civil. Em 1960, a polícia matou 67 negros que participavam de uma manifestação. O Massacre de Sharpeville, como ficou conhecido, provocou protestos em diversas partes do mundo. Como consequência, a CNA foi declarada ilegal e seu líder, Nelson Mandela, foi preso em 1962 e condenado à prisão perpétua.

Nelson Mandela
Com o fim do império português na África (1975) e a queda do governo de minoria branca na Rodésia, atual Zimbábue (1980), o domínio branco na África do Sul entrou em crise. Esses fatos intensificaram as manifestações populares contra o apartheid. A Organização das Nações Unidas (ONU) tentou dar fim à política praticada no país. O presidente Piter Botha promoveu reformas, mas manteve os principais aspectos do regime racista.

Piter Botha

 Com a posse de Frederick de Klerk na presidência, em 1989, ocorreram várias mudanças. Em 1990, Mandela foi libertado e o CNA recuperou a legalidade. Klerk revogou as leis raciais e iniciou o diálogo com o CNA. Sua política foi legitimada por um plebiscito só para brancos, em 1992, no qual 69% dos eleitores (brancos) votaram pelo fim do apartheid.

 Frederick Willem de Klerk

 Klerk e Mandela ganharam o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Em abril de 1994, Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul nas primeiras eleições multirraciais do país.
Mandela e Frederick ganham o Prêemio Nobel da Paz.


O Parlamento aprovou a Lei de Direitos Sobre a Terra, restituindo propriedades às famílias negras atingidas pela lei de 1913, que destinou 87% do território à minoria branca.

As eleições parlamentares de 1999 foram vencidas pelo candidato indicado por Nelson Mandela, Thabo Mbeki, descartando qualquer tentativa de retorno a uma política segregacionista no país.


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O legado de Trotsky

 Leon Trotsky, revolucionário comunista, foi o segundo dirigente mais importante da Revolução Russa de 1917. Ao lado de Lênin iniciou a construção daquilo que deveria ter sido o primeiro Estado socialista no mundo.


"TROTSKY"


  Trotsky nasceu em Ianovka, Ucrânia, em 1879, seu verdadeiro nome era Lev Davidovitch Bronstein, de origem judaica e de família abastada. Aos 16 anos iniciou sua participação política como social democrata, contra a autocracia czarista e dois anos depois foi preso e exilado na Sibéria. Em 1902 fugiu do exílio e em Londres conheceu Lênin. Ao voltar para a Rússia, participou ativamente da Revolução de 1905, quando foi preso novamente por liderar o soviete de São Petersburgo mas fugiu em 1907. Durante dez anos foi escritor e editor revolucionário na Europa ocidental. Durante a Primeira Guerra Mundial, foi expulso da França e da Espanha, seguindo então para Nova York, E.U.A., onde recebeu a notícia da queda do czar em 1917. Retornou à Rússia onde, em Outubro (novembro pelo calendário ocidental) de1917 os bolcheviques liderados por Lênin e Trotsky, derrubam o governo provisório e o proclamam o primeiro Estado Operário da História.
Trotsky foi responsável pela organização do exército vermelho, milícia formada principalmente por operários, que foi fundamental para a tomada do poder e por sua manutenção, na luta contra "os brancos."



"Poster relativo à Guerra Civil"


   De 1918 a 1921 exerce o cargo de Comissário do Povo para a Guerra. Em 1923 aprofunda-se a cisão entre Stálin e Trotsky, provocada pela crescente burocratização de Stálin e por sérias divergências políticas relacionadas a questão da autodeterminação da Geórgia. Lênin morre em 21 de janeiro de 1924, no mesmo ano começa no Comitê Central do Partido Bolchevique o processo de calúnia e difamação de Trotsky promovido por Stálin e seus 2 principais aliados Kamenev e Zinoviev.
  A maioria dos livros didáticos passa a idéia de que a disputa entre Trotsky e Stálin ocorre como uma briga pessoal pelo poder, sobre o partido e sobre o Estado. Os fundamentos políticos da disputa são simplificados, envolvendo o ideal de "Revolução Permanente" de Trotsky, e a defesa da política do "socialismo em um só país" de Stálin que normalmente não são explicados ou discutidos
Em 1925 Trotsky é proibido de falar em público, em 1929 é banido da União Soviética, por ordem de Stálin.



"Foi o principal organizador do Exército Vermelho"


  Vai para o exílio na Turquia onde fica até 1933 depois França até 1935, Noruega até 1937.Chega ao México em 9 de janeiro de 1937. Escreve um dos seus mais importantes livros "Programa de Transição", que é o programa de fundação da IV Internacional em 1938. A mando de Stálin é assassinado por Ramón Mercader em 1940. Trotsky deixou, na história, a imagem de um incansável batalhador pela revolução.

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Esparta e a educação

  
Uma das principais características da cidade-estado de Esparta, na antiguidade, foi sua educação. A cultura espartana caracterizou-se por três elementos fundamentais que foram responsáveis pela sua formação ideológica: o militarismo, a xenofobia e o laconismo
 
 Situada nas margens do rio Eurotas, na região do Peloponeso, a cidade que na época era denominada de Lacedemônia, é considerada a grande exceção da antiguidade grega, com características peculiares, diferente das demais cidades, diferença essa utilizada ao longo do tempo como contraponto ao desenvolvimento de Atenas. No estudo da História, enquanto a preocupação principal é compreender a formação da democracia e o desenvolvimento da cidadania ao longo do período Arcaico da história grega, entendendo as transformações vividas por Atenas, percebe-se a situação inversa em Esparta, ou seja, a manutenção de suas estruturas tradicionais no mesmo período. Transformações e permanências colocam em oposição as duas cidades.
 
Se Atenas tornou-se paradigma para outras sociedades e criou modelos ainda hoje valorizados, Esparta tornou-se a antítese dessa situação. Isso significa que, uma das maneiras de valorizar a democracia e a cidadania e seu berço ateniense, é demonizar a situação oposta, aquela que negou esses valores, que ainda hoje – apesar das grandes diferenças – são considerados importantes.
 
Militarismo
Para o filósofo Aristóteles, em sua obra “Política”, "Todo o sistema da legislação dos lacedemônios visa uma parte das qualidades do homem - o valor militar, por este ser útil nas conquistas; consequentemente a força dos lacedemônios foi preservada enquanto eles estiveram em guerra, mas começou a declinar quando eles construíram um império, porque não sabiam como viver em paz, e não foram preparados para qualquer forma de atividade mais importante para eles do que a militar."
 
As grandes guerras e conquistas espartanas estão na base da própria formação da cidade. O processo de conquista das terras centrais do sul da Grécia, em particular a planície da Lacônia, implicou em uma sucessão de guerras que exigiam permanente estado de organização militar. Essa situação tendeu a perpetuar-se na medida em que a resistência dos povos dominados foi constante.
O desenvolvimento do escravismo dos povos dominados – ou hilotismo, como muitos preferem – representou uma eterna preocupação para os conquistadores ao longo do tempo, uma vez que a relação numérica entre os grupos era desfavorável aos espartanos, chegando os escravos a um número dez vezes maior do que o de espartanos.
As constantes revoltas dos povos dominados determinou a manutenção do militarismo, como forma de preservar as terras férteis e a exploração do trabalho. Segundo o historiador Arnold Toynbee, “os espartanos tornaram-se escravos dos seus escravos”.
 
Ao contrário das afirmações mais comuns, que associam o militarismo espartano a sua origem dória, havia uma situação objetiva, material, que determinou as concepções e práticas militares. A idéia de que os dórios invadiram a Grécia no século XII a.C. e provocaram a segunda diáspora reforça uma concepção de “cultura militar” anterior, base da cultura espartana. No século XII a.C. os dórios migraram em direção a Grécia, como outros povos já haviam feito e, caçadores e guerreiros nômades – como todo povo nômade – se enfrentaram com aqueles que já estavam instalados na Grécia e viviam da criação de animais e de pequena agricultura.
O militarismo foi justificado e teorizado ao longo dos séculos pela elite espartana que, para tanto, criou elementos jurídicos e ideológicos, como as tradições de Licurgo e a xenofobia, apoiados no estímulo ao laconismo.
 
Devido à militarização generalizada dos costumes, desenvolveram uma linguagem peculiar, com a preocupação de expressar-se com o mínimo possível de palavras. Numa sociedade em que não se cultivava a democracia nem o fascínio pela oratória, não era necessário um estudo muito profundo das coisas nem estimulava-se os discursos retóricos, muito menos a especulação filosófica. A idéia final era restringir a comunicação e desestimular os debates e, portanto, as possibilidades de críticas ao sistema predominante
 
Licurgo
 
Os espartanos atribuíam a existência da sua severa e abrangente legislação a Licurgo, personagem lendário, que seria um dos fundadores de Esparta, descendente de Hércules. Segundo a lenda, teria sido um dos primeiros governantes da cidade, um estadista, considerado como “pai da nação” e responsável pela implantação de rigoroso código, a Grande Rhetra, famoso em todo o mundo antigo e inspirado pelo deus Apolo.
 
A Agogê, a educação espartana
 
Em seu próprio significado, a palavra que os espartanos aplicavam para a educação já dizia tudo: agogê, isto é, “adestramento”, “treinamento”. Viam-na como um recurso para a domesticação dos seus jovens. O objetivo maior dela era formar soldados educados no rigor para defender a coletividade. A educação infantil tinha como objetivo a coletivização. Os jogos realizados tinham por objetivo não a competição e vitória de um sobre os demais, mas a organização em equipe, assim como as histórias e as lendas eram contadas para reforçar o patriotismo dos jovens. Os castigos físicos faziam parte desse adestramento e admitiam o roubo como parte da formação dos jovens que, caso pegos em flagrante, sofriam castigos violentos.
A etapa final da educação, entre os 16 e 20 anos, eram adestrados nas armas, na luta com lanças e espadas, no arco e flecha, preparados para o ingresso no serviço militar da pátria. Já participavam de operações militres simuladas nas montanhas ao redor da cidade. Segundo Plutarco “ andavam como as abelhas que sempre são partes integrantes da comunidade, sempre juntas ao redor do chefe... parecendo consagradas inteiramente à pátria.” Dessa maneira a educação produzia a jovem soldado necessário à Esparta: silencioso, disciplinado , antiintelectual e antiindividualista, obediente aos superiores, vigoroso, ágil, astuto , imune ao medo, resistente às intempéries e aos ferimentos, odiando qualquer demonstração de covardia e dedicado à cidade.
 
Laconismo
 
A cidade de Esparta foi fundada na planície da Lacônia e um dos hábitos de seus habitantes é o laconismo; que significa “expressar-se em poucas palavras”. Por um lado esse comportamento é entendido como um desdobramento da educação militarizada, pois as ordens deveriam ser cumpridas e nunca discutidas. Por outro lado, Sabe-se que os homens da elite eram soldados até os 60 anos de idade, quando poderiam participar mais ativamente da vida política. O direito de participação política iniciava-se aos 30 anos, com o direito de voto nas assembléias, porém as votações não eram acompanhadas de discussões e cada cidadão apenas aprovava ou rejeitava as propostas apresentadas.
Essa situação de dedicação quase exclusiva ao militarismo deu à mulher espartana uma situação diferenciada, quando comparada aos demais povos da época. As mulheres espartanas também possuíam uma educação militarizada e, posteriormente, eram incumbidas da administração das terras, do controle sobre o trabalho dos hilotas e da administração da produção, além de participarem da vida política cotidiana em funções administrativas
 

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Cleópatra, a rainha do Egito



 Cleópatra, a rainha grega do Egito. Provavelmente tudo que o mundo sabe sobre ela esteja errado. Muitas versões a descrevem como uma mulher fatal e de rara beleza. Alguns relatos valorizam, com certo exagero, a questão estética da jovem rainha. Quem era a verdadeira Cleópatra?

Trezentos anos antes de Cleópatra governar o país mais rico do mundo, Alexandre, o grande, tinha acabado de conquistar o Egito. Desejoso de ser considerado uma divindade, o comandante militar dirigiu-se ao templo de Siwa – onde fora proclamado um deus pelo oráculo. Alexandre conquistou o maior império de toda história, dominando terras que iam da Europa a Índia. Cleópatra certamente inspirou seus objetivos, sobretudo políticos, as façanhas alcançadas por Alexandre, o maior líder militar que o mundo já conheceu. Ela era ambiciosa, determinada e inteligente, mas sua aparência não era de uma mulher fatal (veja a ilustração acima). 

Origem e família da jovem rainha 

Cleópatra era descendente dos reis gregos do Egito, os ptolomáicos. Ela nasceu em Alexandria. Seus cabelos eram avermelhados, a ilustração acima não mostra a rainha utilizando-se de jóias. Definitivamente, estas não são características de uma mulher fatal. Por outro lado, uma harmoniosa combinação de: espiritualidade, determinação e inteligência tornaram Cleópatra à mulher mais famosa do mundo. A localização dos ancestrais da jovem rainha fica a oitocentos quilômetros de Alexandria, na ilha de Filae. Nesta região, durante 300 anos, foram construídos templos dedicados aos XII Ptolomeus. Ptomoleu III foi o ultimo grande faraó da era ptolomáica, reconquistando grande riqueza que havia sido perdida para outras civilizações. Ptolomeu IV foi um grande fracassado que perdera grande parte das riquezas do Egito antigo. 

O pai de Cleópatra, Ptolomeu XII, era conhecido como “o tocador de flauta”. O tempo todo ele dava primazia em tocar o pequeno instrumento de sopro, evitando assim, as responsabilidades do governo. Aos dezoito anos de idade, Cleópatra perdeu seu pai. O testamento de Ptolomeu XII dizia que o Egito deveria ser governado por Cleópatra e seu irmão, Ptolomeu. Mas na prática isto não chegou a ocorrer. Os dois brigaram pela disputa ao poder. 

O Romance com Julio César 

Júlio César, poderoso general romano, acompanhou de perto as desavenças entre Cleópatra e seu irmão, e no palácio de Alexandria, mandou chamá-los para entender melhor a questão. 

Fontes antigas nos revelam que Cleópatra chegou até César antes de seu irmão. Enrolada e escondida em um tapete, ela temia ser surpreendida pelo seu irmão. O general romano ficou impressionado com a jovem rainha. Desde então uma atração física começou a dominar o futuro casal. 

Cleópatra estava determinada com a idéia de conquistar um grande império, como de Alexandre. O terrível incêndio que destruiu a biblioteca de Alexandria durante um conflito entre egípcios e romanos deixou a jovem rainha profundamente magoada, revelando seu apreço pelos livros, seu maior patrimônio era a inteligência. 

Cesar adiou sua volta a Roma e juntou-se a Cleópatra para conhecer melhor o Egito. Decerto, Cleópatra queria impressionar o general romano com a grandeza e principalmente riqueza de seu país. Cleópatra era considerada uma deusa, César como seu acompanhante também era visto como um deus. 


Uma Esperança de vida 

Foi no cemitério de Sakara que César viu pela primeira vez uma múmia de perto. A crença na vida após a morte e a possibilidade da imortalidade com a preservação do corpo, é uma idéia que pode ter atraído César que já estava envelhecendo. O nobre casal passou por Tebas, Karnak e Luxor, locais de grande admiração do Egito antigo. Durante este longo passeio, César observou também os grandes campos de trigo do Egito, alimento suficiente para alimentar seu exército. 

Os restos do templo de Cleópatra podem ser visto em Hermonts. Foi neste local que a democracia romana entraria em declínio. 

Cleópatra em Roma 

César agora era um deus que teria um filho com Cleópatra. Esta idéia de governar Roma como um deus contaminou os sucessores de César. Era o fim da democracia no senado romano. Cesário, filho de Cleópatra com César governaria um grande império como o de Alexandre. Era uma possibilidade que passou a ser uma obsessão da jovem rainha. Em Roma havia grandes comemorações que aconteciam como desfiles de triunfos. Num triunfo egípcio, Cleópatra presenciou sua irmã, Arsenob acorrentada pelo exército romano, em correntes de ouro. 

Cleópatra amava César, não Roma. Arsenob era uma ptolomáica, derrotada por romanos, isto marcaria a vida da jovem rainha para sempre. Mas a esta altura, Cleópatra era o assunto em evidencia de Roma. César ganhou muito dinheiro e comprou muitas casas, construiu um templo com a estátua de Cleópatra e um belo jardim para sua amada. Isto revelava o quanto era verdadeiro seu amor pela rainha do Egito. Já por dois anos em Roma, Cleópatra – aliada ao homem mais poderoso do mundo – tornou-se a mulher mais poderosa do mundo. Parecia certo que seu filho, Cesário, herdaria um império de grandeza similar ao conquistado por Alexandre, o grande. A idéia de eliminar a república romana não agradou nenhum pouco o senado. César foi terrivelmente assassinado por inimigos políticos. 

Marco Antônio, aliado do Casal e general de César, expôs ao senado romano que Cesário, filho de Cleópatra era o herdeiro legítimo de César. Otaviano (sobrinho de César) reclamou tal legitimidade. A beira duma guerra civil, Cleópatra voltou para o Egito com seu filho. O país mais rico do mundo estava em declínio econômico e político. Mas Cleópatra utilizou de toda sua habilidade administrativa para melhorar a situação explorando as estradas de comercio (com a extração do Pófiro) e a rota das caravanas, esta última, estabelecida desde a era ptolomáica. A rota das caravanas desempenhava um duplo objetivo econômico, além de abastecer o comercio local, era também a principal mantenedora dos luxos do palácio egípcio. 


O romance com Marco Antônio 

O general Marco Antônio precisada das riquezas do Egito para vencer seu principal inimigo, Otaviano e conquistar Roma. Ele solicitou um encontro com Cleópatra em Tarsus. Cleópatra aceitou o encontro, porém, de acordo com sua conveniência. Por outro lado, Cleópatra precisava de Marco Antonio para dar continuidade em seu plano de entregar um grande império a seu filho, Cesário. Em Alexandria, Cleópatra já voltou amante de Marco Antonio e grávida de gêmeos. O general partiu para uma batalha e deixou a rainha no Egito. Algum tempo depois, uma carta de Marco Antonio revelava que ele estava com outra mulher e tinha abandonado Cleópatra. 

Aos 29 anos, mãe de três filhos pequenos, Cleópatra teve de adiar mais uma vez seus planos quanto ao futuro de Cesário. Foi nesta ocasião, em Dendera, que a rainha dedicou-se intensamente a religião, que no Egito antigo significava basicamente uma transição entre deuses e o faraó. O país teria prosperidade assegurada, desde que esta transição ocorresse de maneira harmoniosa e precisa. Dendera abriga uma imagem de Cleópatra fazendo oferendas aos deuses. Detalhe: normalmente os faraós apareciam em paredes de templos acompanhados de seus maridos ou esposas. Mas Cleópatra não era uma rainha qualquer, seu filho Cesário, é quem aparece ao seu lado. 

A volta de Marco Antônio 

Marco Antônio voltou tempos depois e pediu um novo encontro com Cleópatra. Ele ainda precisava das riquezas do Egito para vencer Otaviano. A rainha estava com a mente confusa, mesmo com toda dedicação em preparar um futuro prospero para Cesário, Cleópatra tinha sentimentos. Ela fora abandonada prestes a dar vida a dois filhos gêmeos. Mas sua determinação política venceu seus ressentimentos, aceitando assim, um novo encontro com Marco Antônio. Desta vez Cleópatra condicionou as riquezas do Egito a um grande acordo nupcial. Para ela ficou a região de Arnúbia, Chipre, Sinai, Armênia, Norte da África e Fenícia. 

Territórios conquistados com o sangue romano tinham sido entregues a uma rainha egípcia. Isto causou fúria em Roma, alimentando com raiva às tropas lideradas por Otaviano que estava preparando um confronto final contra Marco Antonio. Nesta batalha, Otaviano sagrou-se vitorioso. Cleópatra chegou a acompanhar de perto o confronto, mas quando percebeu a eminente derrota de Marco Antonio, fugiu em sua nau capitânia. A rainha seguiu para Alexandria. Marco Antonio não conseguiu acompanha-la e perdeu-se no caminho, caindo em desespero. Cleópatra planejou uma viajem até a Índia, onde fundaria um novo império com sua riqueza. Era sua última chance. 

Em Petra, Cleópatra foi surpreendida e suas embarcações (carregadas e prontas para ganhar o mar) foram incendiadas. Marco Antônio, preservando o estilo romano, entregou-se a espada e fora morrer aos braços de sua amada. Já havia uma tumba preparada para Cleópatra. Porém, sua morte faz parte de uma discussão interminável. 


A morte de Cleópatra 

Muitos textos antigos afirmam que ela tenha sido morta por meio de uma picada de cobra. (resta saber se por uma NAJA, ou uma VÍBORA). A Naja possui um veneno mais letal e sua picada é de difícil identificação. Já a Víbora provoca um inchaço grotesco, e, por esta razão, a morte por meio de uma víbora é descartada por estudiosos. 
A morte por meio da picada da naja evitaria a exposição de Cleópatra num triunfo romano, conforme desejo de Otaviano. Cleópatra estava confinada num dos quartos do palácio e, tudo que era levado até ela era inspecionado para evitar seu suicídio. Mas de alguma forma, ela conseguira se matar conduzindo uma de suas mãos a uma “compota” onde uma naja estaria entre os frutos. Quando os soldados romanos de Otaviano entraram no quarto da rainha, ela já jazia morta e vestida com trajes reais. Otaviano nada pode fazer a não ser expor para seu poderio militar um retrato da rainha Cleópatra. 

Os dois filhos gêmeos de Cleópatra perderam-se na história. Otaviano matou Cesário, impedindo definitivamente qualquer chance de prosperidade política para o filho da rainha. Alexandria deixou de ser um lugar dedicado ao saber, passando a ser uma mera província romana no Egito. Mas Cleópatra nunca fora esquecida. Ela era a rainha do antigo Egito. 

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Cícero e Catilina


Cícero e Catilina 
1882/1888, mural a fresco 
Sala Maccari, Palazzo Madama (Senado Italiano), Roma, Itália 

Mural de Cesare Maccari (1840-1919), representando o primeiro discurso de Cícero contra Catilina. O discurso foi proferido em 8 de Novembro de 63 a.C. no Templo de Júpiter no monte Capitolino de Roma. 

Já não podes viver mais tempo conosco
I
 
Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há-de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há-de precipitar a tua audácia sem freio? Nem a guarda do Palatino, nem a ronda nocturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disto conseguiu perturbar-te? Não sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, em que local estiveste, a quem convocaste, que deliberações foram as tuas? 
Oh tempos, oh costumes! O Senado tem conhecimento destes factos, o cônsul tem-nos diante dos olhos; todavia, este homem continua vivo! Vivo?! Mais ainda, até no Senado ele aparece, toma parte no conselho de Estado, aponta-nos e marca-nos, com o olhar, um a um, para a chacina. E nós, homens valorosos, cuidamos cumprir o nosso dever para com o Estado, se evitamos os dardos da sua loucura. à morte, Catilina, é que tu deverias, há muito, ter sido arrastado por ordem do cônsul; contra ti é que se deveria lançar a ruína que tu, desde há muito tempo, tramas contra todos nós. 
Pois não é verdade que uma personagem tão notável. como era Públio Cipião, pontífice máximo. mandou, como simples particular, matar Tibério Graco, que levemente perturbara a constituição do Estado? E Catilina. que anseia por devastar a ferro e fogo a face da terra, haveremos nós, os cônsules, de o suportar toda a vida? E já não falo naqueles casos de outras eras, como o facto de Gaio Servílio Aala ter abatido, por suas próprias mãos, Espúrio Mélio e, que alimentava ideias revolucionárias. Havia, havia outrora nesta República, uma tal disciplina moral que os homens de coragem puniam com mais severos castigos um cidadão perigoso do que o mais implacável dos inimigos. Temos um decreto do Senados contra ti, Catilina, um decreto rigoroso e grave; não é a decisão clara nem a autoridade da Ordem aqui presente que falta à República; nós, digo-o publicamente, nós, os cônsules, é que faltamos. 


II 
Decidiu um dia o Senado que o cônsul Lúcio Opímio velasse para que a República não sofresse dano algum. Pois nem uma noite passou. Gaio Graco, apesar da sua tão nobre ascendência, de pai, de avô e de seus maiores, foi morto por causa de certas suspeitas de revolta; juntamente com os filhos foi executado Marco Fúlvio, um consular. Com um mesmo decreto do Senado, foi a República confiada aos cônsules Gaio Mário e Lúcio Valério. Acaso adiaram eles mais um dia sequer a pena de morte, por crime de lesa-república, a Lúcio Saturnino, um tribuno da plebe, e a Gaio Servílio, um pretor? 
Nós, porém, há já vinte dias que consentimos no enfraquecimento do vigor de decisão destes homens. Temos um destes decretos do Senado, mas está fechado nos arquivos como espada metida em bainha; e, segundo esse decreto senatorial, tu, Catilina, deverias ter sido imediatamente condenado à morte. E eis que continuas vivo, e vivo, não para abdicares da tua audácia, mas para nela te manteres com inteira firmeza. É meu desejo, venerandos senadores, ser clemente; é meu desejo, no meio de tamanhos perigos da República, não parecer indolente; mas já eu próprio de inacção e moleza me acuso. 
Há acampamentos em Itália contra o povo romano. estabelecidos nos desfiladeiros da Etrúria, aumenta em cada dia o número dos inimigos; e, no entanto, o general desses acampamentos e o comandante desses inimigos, eis que o vemos no interior das nossas muralhas e dentro do próprio Senado, urdindo a cada instante algum atentado contra a República. Se. neste momento eu te mandar prender, Catilina, se eu decretar a tua morte, o que sobretudo terei de temer, tenho a certeza, é que todos os bons cidadãos me censurem por ter actuado tarde, e não que haja alguém a dizer que usei de crueldade excessiva. 
A mim, porém, aquilo que já há muito deveria ter sido feito, fortes razões me levam a não o fazer ainda. Hás-de ser morto, sim, mas só no momento em que já não for possível encontrar-se ninguém tão perverso, tão depravado, tão igual a ti, que não reconheça a inteira justiça desse acto. 
Enquanto houver alguém que ouse defender-te, continuarás a viver, e a viver como agora vives, cercado pelas minhas muitas e fiéis guardas, para não poderes sublevar-te contra o Estado. È até os olhos e os ouvidos de muita gente, sem disso te aperceberes, te hão-de espiar e trazer vigiado como até hoje o têm feito. 
III 
Que há, pois, ó Catilina, que ainda agora possas esperar, se nem a noite com suas trevas pode manter ocultos os teus criminosos conluios, nem uma casa particular pode conter, com suas paredes, os segredos da tua conspiração, se tudo vem à luz do dia, se tudo irrompe em público? É tempo, acredita-me, de mudares essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós mais claros que a luz do dia, e importa que os recordes comigo nesta hora. 
Não te lembras de eu dizer no Senado, no dia 12 antes das Calendas de Novembro, que, em dia determinado, dia esse que havia de ser o sexto antes das Calendas de Novembro , haveria de pegar em armas Gaio Mânlio, um lacaio e instrumento da tua audácia? Enganei-me, porventura, ó Catilina, não só quanto a um acontecimento tão importante, tão horroroso e tão incrível, como também. o que é muito mais para admirar, quanto ao próprio dia? Fui eu ainda que disse no Senado teres tu fixado para o dia 5 antes das Calendas de Novembro a chacina da aristocracia. justamente na altura em que muitas das altas personalidades do Estado fugiram de Roma, não tanto por motivo de segurança pessoal, como para reprimirem as tuas maquinações. Serás capaz de negar que nesse mesmo dia, estando tu cercado pelas minhas guardas e pela minha vigilância, te não pudeste insurgir contra a República, quando tu, perante o afastamento dos restantes, dizias no entanto que a morte de quem tinha ficado, que éramos só nós, bastava para te contentar? 
Pois quê? Quando tu, nas próprias Calendas de Novembro, estavas plenamente seguro de que tomarias Preneste num ataque nocturno, não deste conta, porventura, de que tinha sido por ordens minhas que aquela colónia fora guarnecida pelos meus destacamentos, sentinelas e rondas nocturnas? Nada fazes, nada intentas, nada imaginas que eu não só não oiça, mas veja e disso tenha pleno conhecimento. 
IV 
Recorda comigo, por fim, aquela noite famigerada de anteontem e logo verás que eu velo com mais ardor pela segurança do Estado que tu pela sua ruína. Afirmo que tu, na noite anterior a esta, vieste aos Cuteleiros (não vou falar por meias palavras), a casa de Marco Leca, e que no mesmo local se reuniu grande parte dos cúmplices da mesma criminosa loucura. Ousas, porventura, nega-lo? Porque te calas? Se o negas, eu to provarei, pois que vejo aqui presentes no Senado alguns dos que lá estiveram juntamente contigo. 
Oh deuses imortais! Em que país do mundo estamos nós, afinal? Que governo é o nosso? Em que cidade vivemos nós? Estão aqui, aqui dentro do nosso número, venerandos senadores, neste Conselho. mais sagrado e mais respeitável da face da terra, aqueles que meditam a morte de todos nós, aqueles que trazem no pensamento a destruição desta cidade e até a do mundo inteiro. É a estes que eu, como cônsul, tenho na minha frente e lhes peço conselho acerca dos interesses do Estado, a eles, que deveriam ser passados a fio de espada e que eu nem com a palavra atinjo ainda. 
Estiveste, pois, Catilina, em casa de Leca nessa noite; procedeste à partilha das regiões da Itália; determinaste para onde gostarias que cada um partisse; escolheste quem deixarias em Roma, quem levarias contigo; designaste os bairros da cidade destinados a incêndio; afirmaste que, por ti, já estavas disposto a partir; disseste que ainda te demorarias, contudo, um pouco, porque eu continuava vivo. Encontraste dois cavaleiros romanos, para te aliviarem" desta preocupação e se comprometerem a assassinar-me no meu próprio leito nessa mesma noite, pouco antes da alvorada. 
Tudo isto eu vim a saber mal tinha ainda sido dissolvida a vossa reunião; guarneci e reforcei a minha casa com mais guardas; e àqueles que tu me enviaras pela manhã para me saudarem, tranquei-lhes a porta quando eles chegaram, a esses mesmos cuja intenção de me visitarem àquela hora eu já havia previamente comunicado a muitas e das mais altas personalidades. 
V 
Sendo assim, prossegue, Catilina, o caminho encetado; sai da cidade de uma vez para sempre; as portas estão abertas; põe-te a caminho. Há muito que te reclamam como general supremo esses teus acampamentos manlianos. Leva também contigo todos os teus; se não todos, pelo menos o maior número possível. Limpa a cidade. Libertar-me-ás de um grande receio quando entre ti e mim um muro se levantar. Já não podes conviver por mais tempo connosco; não o suporto, não o tolero, não o consinto. 
Grande deverá ser o nosso reconhecimento para com os deuses imortais, particularmente para com o próprio Júpiter Estátor aqui presente, o mais antigo protector desta cidade, por tantas vezes termos escapado a esta peste tão abominável, tão horrorosa e tão hostil à República. Nunca mais a suprema segurança do Estado deve ser posta em perigo por causa de um homem apenas. De tantas vezes que tu, Catilina, me armaste ciladas quando eu era cônsul designado, não foi com a guarda pública, mas com os meus próprios meios, que eu procurei defender-me. Quando, por ocasião dos últimos comícios consulares, tu pretendeste matar-me no Campo de Marte, a mim que era cônsul e aos teus competidores, reprimi os teus criminosos intentos com a ajuda e recursos dos amigos, sem proclamar oficialmente o estado de sítio; numa palavra, todas as vezes que me atacaste, foi por mim mesmo que te resisti, muito embora eu visse que a minha morte ficaria ligada a uma grande desgraça do Estado. 
Mas agora é a toda a República que tu diriges abertamente o teu ataque; são os templos dos deuses imortais, são as casas da cidade, é a vida de todos os cidadãos, é a Itália inteira, é tudo isto que tu arrastas para a ruína e a devastação. E, uma vez que não ouso ainda pôr em prática o que se imporia em primeiro lugar e que é próprio destes poderes" e da tradição dos nossos maiores, tomarei uma posição mais moderada quanto ao rigor, porém mais útil no que toca à salvação comum. É que, se eu te matar, continuará na República o restante bando dos teus conjurados; mas, se tu saíres, como já há muito te estou convidando, a cidade ficará vazia dos teus sectários, dessa profunda sentina que empesta o Estado. 
Então, Catilina, que se passa? Hesitas em fazer por minha ordem o que tu já te dispunhas a realizar por tua livre vontade? É a um inimigo público que o cônsul manda sair da cidade. Perguntas-me se para o exílio? Não to ordeno, mas, se pedes o meu parecer, aconselho-to. 
VI 
Que há, ó Catilina, que ainda te possa causar prazer nesta cidade, em que não há ninguém, fora desta conjuração de homens depravados, que te não tema, ninguém que te não deteste? Que nódoa de escândalos familiares não foi gravada a fogo na tua. vida? Que ignomínia de vida particular não anda ligada à tua reputação? Que sensualidade esteve longe de teus olhos? Que acção infamante deixaram de perpetrar as tuas mãos algum dia? Que torpeza esteve ausente de todo o teu corpo? Que jovem haverá a quem não tenhas ilaqueado nas seduções da tua imoralidade, guiado o ferro na rebeldia ou o archote. na libertinagem? 
Pois quê? Há pouco, quando, com a morte da tua primeira mulher, esvaziaste a tua casa com vista a um novo casamento, não acumulaste ainda sobre este delito um outro atentado inacreditável, que eu não refiro e acho melhor deixar passar em silêncio, para que não conste que nesta cidade se verificou a barbaridade de um crime tamanho, ou que este ficou sem castigo? Nem menciono a perda dos teus haveres, que tu verás todos confiscados nos próximos Idos; refiro-me a factos que dizem respeito não à infâmia pessoal dos teus vícios, não à tua penúria doméstica e à tua má fama, mas, sim, aos superiores interesses do Estado e à vida e segurança de todos nós. 
Podes tu, Catilina, sentir prazer na luz deste dia ou no ar deste céu que respiras, ao saberes que ninguém dos presentes desconhece que, na véspera das Calendas de Janeiro", durante o consulado de Lépido e Tulo, te apresentaste armado no local dos comícios do povo; que tinhas um grupo de homens preparado para dar a morte aos cônsules e aos principais da cidade e que não foi nenhuma reconsideração da tua parte nem o teu medo, mas, sim, a deusa Fortuna do povo romano que impediu o crime da tua loucura? E já nem conto pois que não são nem desconhecidos nem poucos os delitos cometidos depois quantas vezes, sendo eu cônsul designado, quantas vezes mesmo durante o meu consulado, me tentaste matar! Quantos golpes, vibrados de tal maneira, que parecia impossível escapar-lhes, eu não evitei com um pequeno desvio ou, como costuma dizer-se, só com o corpo! Nada adiantas, nada consegues, e, contudo, não desistes de tentar e de querer. 
Quantas vezes já esse punhal de assassino te foi arrancada das mãos! Quantas vezes, por um mero acaso, ele te escapou e caiu aos pés, esse punhal que, sinceramente, não sei em que iniciações mistéricas e a que deus o terás tu consagrado, para julgares necessário cravá-lo no corpo do cônsul. 
VII 
E agora, que vida é esta que levas? Desejo neste momento falar-te de modo que se veja que não sou movido pelo rancor, que eu te deveria ter, mas por uma compaixão que tu em nada mereces. Entraste há pouco neste Senado. Quem, dentre esta tão vasta assembleia, dentre todos os teus amigos e parentes, te saudou? Se isto, desde que há memória dos homens, a ninguém aconteceu, ainda esperas que te insultem com palavras, quando te encontras esmagado pela pesadíssima condenação do silêncio? E que dizes ao facto de, à tua chegada, esse lugar ter ficado ao abandono, e ao facto de todos os consulares, que tantas vezes figuraram nos teus planos de assassínio, mal te havias sentado a seu lado, terem deixado deserta e vazia essa zona da bancada? Com que coragem, afinal, julgas tu que hás-de suportar tal afronta? 
Se os meus escravos me temessem da maneira que todos os teus concidadãos te receiam, eu, por Hércules!, sentir-me-ia compelido a deixar a minha casa; e tu, a esta cidade, não pensas que é teu dever abandoná-la? E se eu me visse, ainda que injustamente, tão gravemente suspeito e detestado pelos meus concidadãos, preferiria ficar privado da sua vista a ser alvo do olhar hostil de toda a gente; e tu, apesar de reconheceres, pela consciência que tens dos teus crimes, que é justo e de há muito merecido o ódio que todos nutrem por ti, estás a hesitar em fugir da vista e da presença de todos aqueles a quem tu atinges na alma e no coração? Se teus pais te temessem e odiassem e tu não os pudesses apaziguar de modo nenhum, retirar-te-ias, penso eu, do seu olhar para outra qualquer parte. Pois agora é a Pátria, mãe comum de todos nós, que te odeia e teme, e sabe que desde há muito não pensas noutra coisa que não seja o seu parricídio; e tu, nem respeitarás a sua autoridade, nem acatarás as suas decisões, nem te assustarás com o seu poder? 
Eis que ela a ti se dirige, ó Catilina, e, no seu silêncio, como que fala: 
"Há vários anos já que nenhum crime se viu cometido senão por ti; nenhum escândalo, sem ti; só tu cometeste, sem castigo e com toda a liberdade, o assassínio de muitos cidadãos, a opressão e saque dos nossos aliados; só tu te atreveste não só a desprezar, mas até a subverter e a infringir as leis e os tribunais. Esses crimes de outrora, posto que não devessem ter sido suportados, eu os suportei como pude; mas agora, estar eu toda em sobressalto somente por causa de ti, ser Catilina objecto de medo ao mínimo ruído que surja, não se poder descobrir conjura alguma tramada contra mim em que não esteja implicada a tua intenção criminosa, não, isso é que não devo suportar. Por isso, vai-te daqui e afasta de mim este receio; se ele tem fundamento, para eu não andar oprimida; se é ilusório, para eu, enfim, deixar de uma vez esta vida de medo." 
VIII 
Se tais palavras, como disse, a Pátria te pudesse dirigir, não deveria ela conseguir o seu intento, muito embora não pudesse fazer uso da força? 
E que dizer do facto de tu próprio te haveres entregado sob guarda provisória e teres dito, a fim de evitares suspeitas, que desejavas ficar em casa de Mânio Lépido? Como este não te recebeu, até a mim tiveste cara de te dirigir e de me pedir que te guardasse em minha casa. E, como também de mim levaste a resposta de que eu não podia de modo nenhum sentir-me seguro contigo dentro das mesmas paredes, porquanto já eu corria grande perigo pelo facto de estarmos metidos dentro das mesmas muralhas, foste a casa do pretor Quinto Metelo. E, repudiado por ele, imigraste para casa do teu comparsa Marco Metelo, esse grande homem de quem pensaste, claro está, que havia de ser o mais cuidadoso em te guardar, o mais esperto para te vigiar e o mais enérgico para te defender. Mas em que medida parece justo estar afastado da prisão e das cadeias quem se julgou, por si mesmo, digno de detenção? 
Uma vez que assim é, Catilina, se não és capaz de esperar pela morte de coração resignado. ainda hesitas em partir daqui para outras terras e em entregar ao exílio e à solidão essa vida, subtraindo-a a muitos castigos justos e merecidos? 
"Propõe-no ao Senado", dizes tu. É isto, com efeito, o que reclamas, e dizes que, se esta Ordem de senadores vier a decidir que é sua vontade a tua partida para o exílio, estás na disposição de obedecer. Não, não vou propor uma coisa que é contra os meus princípios, mas, sim, farei com que vejas o que estes pensam acerca de ti. Sai de Roma, Catilina; liberta o Estado destas apreensões; parte para o exílio, se é esta a palavra de ordem que esperas. Então? Não vês? Não dás conta do silêncio dos presentes? Se estão calados, é porque consentem. Porque esperas pela autoridade das palavras, quando percebes muito bem pelo seu silêncio o que têm na vontade? 
Ora, se eu tivesse dito estas mesmas palavras a um jovem tão cheio de qualidades como Públio Séstio aqui presente, se as tivesse dirigido a Marco Marcelo, varão da mais alta virtude, já o Senado, apesar de eu ser cônsul, teria, com plena justiça, lançado contra mim, neste mesmo templo, a sua força e o seu poder. A teu respeito, porém, Catilina, a sua imobilidade é uma aprovação; o seu consentimento, um decreto; o seu silêncio, um clamor. E não apenas estes aqui presentes, cuja autoridade tens, pelos vistos, em grande estima, mas a vida em vil apreço; também aqueles cavaleiros romanos, homens da maior honestidade e excelência, e os restantes cidadãos tão valorosos que de pé circundam este Senado, e de quem tiveste ensejo, há momentos, de ver não só a afluência, mas até de reconhecer claramente as disposições e ouvir distintamente os clamores. É com dificuldade que desde há muito detenho suas mãos e suas armas aparelhadas contra ti; mas, se abandonares estes sítios que há largo tempo pretendes devastar, é com facilidade que os poderei levar a escoltarem-te até às portas da cidade. 
IX 
Mas de que servem as minhas palavras? A ti, como pode alguma coisa fazer-te dobrar? Tu, como poderás algum dia corrigir-te? Tu, como tentarás planear alguma fuga? Tu. como podes pensar nalgum exílio? Oxalá os deuses imortais te inspirassem tal propósito, muito embora eu veja que, se tu, apavorado com as minhas palavras, te decidires a partir para o exílio, uma enorme tempestade de ódios ameaça desabar sobre nós, se não no tempo presente, por causa da fresca lembrança dos teus crimes, pelo menos para o futuro. Vale, porém, a pena, desde que essa desgraça seja particular e se não misture com os perigos do Estado. Mas a ti, o que não se deverá exigir é que te afastes dos teus vícios, que alimentes profundo receio dos castigos da lei, que recues perante as conjunturas críticas da República. Nem tu, Caulina, és de molde que a vergonha te afaste da infâmia; ou o medo, do perigo; ou a razão, da loucura. 
Por isso mesmo, parte, como já tantas vezes te disse, e, se pretendes, conforme apregoas, atear o ódio público contra mim, teu inimigo, avança já direito ao exílio; se o fizeres, muito me custará suportar a censura dos homens; se partires para o exílio por ordem do cônsul, muito me custará sentir o fardo dessa impopularidade. Se, porém, preferes servir o meu prestígio e a minha glória, sai juntamente com o indesejável bando dos celerados, refugia-te junto de Mânlio, convoca os cidadãos perversos, separa-te dos homens de bem, move guerra contra a Pátria, exulta com uma sacrílega revolta de bandidos, para que se veja que não foste expulso por mim para o meio de estranhos, mas, sim, convidado a partir para junto dos teus. 
De resto, para quê convidar-te a isso, uma vez que tenho conhecimento de que tu enviaste homens à frente para te esperarem armados junto do Fórum de Aurélio, e sei que tu combinaste e fixaste a data com Mânlio, e sei que até enviaste à frente aquela famosa águia de prata", uma águia que, assim o espero, há-de tornar-se ruinosa e fatal para ti e para todos os teus, uma águia à qual esteve levantado em tua casa um criminoso santuário? Como é que tu poderás passar mais tempo sem aquela que costumavas adorar ao partir para a carnificina, tu que tantas vezes fizeste passar essa dextra sacrílega, do seu altar para a chacina de cidadãos? 
X 
Irás, enfim, de uma vez para sempre, para onde há muito tempo te arrastava essa tua paixão desenfreada. e louca, pois não é pesar o que esta partida te causa, mas um estranho e inacreditável prazer. Foi para semelhante loucura que a natureza te gerou, te preparou a vontade, e o destino te guardou. Tu, não só nunca desejaste o tempo de paz, mas nem sequer uma guerra que não fosse criminosa. Topaste uma corja de bandidos formada de gente perversa, enjeitada não só de toda a sorte, mas até de toda a esperança. 
Ah! que alegria não experimentarás, com que júbilo não hás-de exultar, com que. prazer tamanho andarás em orgiástico delírio, quando, entre o número tão avultado dos teus, não conheceres nem vires um só homem de bem! Foi por afeição a tal género de vida que se praticaram aquelas tuas proezas de que se fala: permanecer prostrado no chão, ou para espreitar o momento azado para algum atentado contra o pudor, ou mesmo para cometer algum crime; passar as noites em claro lançando armadilhas não só ao sono dos maridos, mas também aos haveres da gente pacífica? Tens aí onde possas ostentar essa tua famosa capacidade em suportar a fome, o frio, a carência de tudo; e em breve perceberás que foi isso que deu cabo de ti. 
Quando te rejeitei do consulado, uma coisa consegui pelo menos: que tu antes pudesses atacar a República como exilado do que maltratá-la como cônsul, e que a tua criminosa empresa mais se pudesse chamar uma arruaça de bandidos que uma guerra civil. 
XI 
E agora, venerandos senadores, a fim de eu poder arredar e esconjurar de. mim uma censura, de certo modo justa, da Pátria, escutai, por favor, com atenção, o que vou dizer, e gravai-o bem fundo no vosso coração e na vossa memória. Porquanto, se a Pátria, que é para mim mais cara que a própria vida, se a Itália inteira, se toda a República me dissesse: 
"Que estás tu a fazer, Marco Túlio? Então tu vais consentir que aquele que provaste ser um inimigo público, que tu vês como o futuro comandante de uma revolta, que tu sabes ser esperado como general no acampamento dos inimigos, ser o instigador de um acto criminoso, o cabecilha de uma conspiração, um agitador de escravos e de cidadãos perversos, a esse vais tu deixá-lo partir de tal maneira, que nem parece ter sido por ti expelido para fora da cidade, mas, sim, impelido contra ela? Então, não vais mandar que o ponham a ferros, que o arrastem para a morte, que o imolem no derradeiro suplício? 
O que te impede, afinal? Será a tradição dos antigos? Mas nesta República até simples particulares puniram muitíssimas vezes com a morte cidadãos perniciosos. Serão, porventura, as leis que foram propostas acerca do suplício dos cidadãos romanos? Mas nunca., nesta cidade, os que atraiçoaram a Pátria continuaram na posse dos direitos de cidadania. Ou é a impopularidade do futuro que tu receias? Bela maneira essa de agradeceres ao povo romano, ele que te elevou tão cedo ao supremo poder através de todos os graus da magistratura, sendo tu um homem conhecido apenas pela tua pessoa sem nenhuma recomendação de antepassados - se, por causa da impopularidade ou do receio de algum perigo, desprezas a salvação dos teus concidadãos! 
Mas, se há algum medo de cair em desagrado, dever-se-á, porventura, ter mais receio da antipatia motivada pelo rigor e pela fortaleza que pela preguiça e pelo desleixo? Ou, quando a Itália for devastada pela guerra, quando as cidades forem arrasadas, quando as casas estiverem a arder, acaso pensas tu que nessa altura não hás-de ser inteiramente devorado pelo fogo do ódio popular?" 
XII 
A estes tão augustos clamores da República e ao pensamento daqueles homens que sentem desse mesmo modo responderei em poucas palavras. Se eu, venerandos senadores, considerasse que a melhor atitude era castigar Catilina com a morte, não concederia a esse gladiador nem mais uma hora de vida. É que, se homens da mais alta categoria e cidadãos dos mais ilustres não só se não mancharam, mas até colheram honra no sangue de Saturnino, e dos Gracos, e de Flaco, e de muitos ainda mais antigos, certamente eu não teria que recear que, com a morte deste parricida dos seus concidadãos, sobre mim se derramasse qualquer ódio da posteridade. E, mesmo que este me estivesse particularmente iminente, sempre tive, apesar disso, a convicção de que o ódio alcançado pelo mérito não é ódio, é glória. 
Há, todavia, nesta Ordem de senadores, alguns que, ou não vêem aquilo que nos ameaça, ou fingem ignorar aquilo que vêem; estes, pela moleza das suas decisões, alimentaram a esperança de Catilina e deram força à conjuração nascente, não acreditando nela; e, por sua influência, muitos; não apenas os perversos, mas ainda os mal informados, diriam, se eu tivesse punido Catilina, que o tinha feito com crueldade e tirania. 
Ora eu penso que, se este der entrada nos acampamentos de Mânlio, que são o seu objectivo, não haverá ninguém tão ingénuo que não veja ter-se armado uma conjuração, ninguém tão descarado que o não confesse. Por outro lado, penso que, se for condenado à morte apenas Catilina aqui presente, este flagelo que afecta o Estado pode reprimir-se por um pouco, não suprimir sem para sempre. Mas, se ele se desterrar a si mesmo e levar os seus partidários consigo, e se recolher, de toda a parte, os demais naufragados da vida e os congregar no mesmo lugar, ficará extinta e debelada não apenas esta já tão adiantada doença do Estado, mas até a raiz e o germe de todos os males. 
XIII 
É que nós, venerandos senadores, vivemos desde há muito envolvidos nestes perigos e nas ciladas de uma conspiração, mas, não sei como, a maturação de todos os crimes e da antiga loucura e audácia veio a rebentar no tempo do nosso consulado. E se, de tamanho bando de salteadores, se suprimir apenas este, poderá parecer talvez que ficamos, por um pequeno espaço de tempo, aliviados da apreensão e do medo; o perigo, porém, há-de permanecer e ficará profundamente inculcado nas veias e nas entranhas da República. Tal como, muitas vezes, as pessoas atingidas por uma doença grave, se, no tumultuar do ardor da febre, beberam água gelada, parecem aliviadas nos primeiros momentos e logo depois o mal as oprime mais forte e violento, do mesmo modo esta doença que existe no seio do Estado. aliviada embora pelo suplício daquele que ali vedes, agravar-se-á com mais violência ainda se sobreviverem os restantes conjurados. 
Por tudo isto, que os perversos se retirem, se separem dos homens de bem, se juntem num só lugar e que uma muralha, enfim, como já o proclamei tantas vezes, os mantenha separados de nós; que deixem de armar traições ao cônsul na sua própria casa, de bloquear o tribunal do pretor urbano, de assediar com armas a Cúria, de preparar dardos incendiários e archotes para deitar fogo à cidade; numa palavra, que na fronte de cada um se mostrem gravados os seus sentimentos políticos. Garanto-vos, senadores egrégios, que a nossa vigilância de cônsules há-de ser bastante, e espero que haja em vós tal autoridade, nos cavaleiros romanos tamanha coragem, em todos os homens de bem a conformidade de sentimentos necessária para poderdes ver que, com a retirada de Catilina, tudo fica descoberto, esclarecido, subjugado, punido. 
Com estes presságios, Catilina, e para suprema salvação do Estado, para tua desgraça e ruína e para perdição daqueles que a ti se ligaram por toda a espécie de crimes e parricídios, parte para essa guerra ímpia e nefanda. E tu, Júpiter, cujo culto foi estatuído por Rómulo sob os mesmos auspícios, desta cidade, tu a quem com justiça chamamos o Sustentáculo desta urbe e deste império, hás-de relegar este assassino e os seus comparsas para longe do teu templo e dos restantes, das casas de Roma e das suas muralhas, da vida e dos haveres de toda a população; e àqueles que odeiam os homens de bem, aos inimigos da Pátria, aos salteadores da Itália, unidos entre si por um pacto criminoso e uma aliança nefanda, a esses, vivos e mortos, hás-de puni-los com suplícios eternos. 

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