Atentado da Rua Toneleros
Na madrugada do dia 5 de agosto de 1954, ocorreu um crime na rua Tonelero, no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro, que viria a mudar a história do país.
Na rua mal-iluminada, o farol de um carro anunciava a chegada do jornalista e político Carlos Lacerda a sua casa depois de um comício realizado no pátio do Colégio São José. Ele estava acompanhado do seu filho Sérgio e do segurança Rubens Florentino Vaz, major da Força Aérea Brasileira, um dos seguranças de um grupo de oficiais da Aeronáutica que lhe garantiam proteção após sofrer algumas ameaças. Ao estacionar o carro na frente da sua casa, o pequeno grupo foi interceptado por dois homens armados que dispararam contra ele e contra o seu segurança, que lutou com o agressor numa tentativa frustrada de desarmá-lo. Os dois ainda atiraram no guarda municipal, Sávio Romero e fugiram em seguida de táxi. Lacerda ficou ferido, atingido por um tiro que acertou de raspão o seu pé, já o Major não teve a mesma sorte e morreu a caminho do hospital.
No dia seguinte, o jornalista publicou no jornal “Tribuna da Imprensa”, no seu editorial relatando a emboscada que sofrera e acusando o seu opositor, Getúlio Vargas.
Uma investigação foi feita para tentar saber de qual arma os disparos haviam sido feitos. Além disso, Sávio Romero havia anotado o número da placa do táxi, e não demorou muito para se chegar a Nelson Raimundo de Souza, o dono do veículo que se apresentou a delegacia e contou tudo que sabia. Descobriu-se também que o tiro partira de uma calibre 45, a mesma arma usada de forma privada pelas Forças Armadas. O cerco apertou e em menos de uma semana três pessoas foram apontadas como suspeitos: Alcino João Nascimento, Climério Euribes de Almeida e Gregório Fortunato. Eles ocupavam o cargo de guarda pessoal de Getúlio Vargas, sendo que o último era o chefe da guarda e ainda guarda-costas.
A pressão só aumentou, os militares não engoliram o assassinato de um dos seus colegas e Lacerda atacou com unhas e dentes Getúlio, seguido pelos antigetulistas. Eles pediam que o presidente renunciasse ao cargo. No dia 23 de agosto, depois de uma reunião com os ministros no Palácio do Catete, Getúlio decidiu entrar em licença, só ocupando o cargo depois de que todo este episódio fosse esclarecido. O acordo não durou nem duas horas, os militares não aceitaram a licença, eles queriam mesmo a renúncia. Getúlio disse que só sairia do poder morto, e foi de fato o que fez, ainda naquele dia, ouviu-se tiro, o presidente havia se suicidado com um tiro no peito.
Logo depois do final da Era Vargas, os suspeitos foram condenados, Alcino teve a pena decretada a 33 anos, Gregório a 25 anos de prisão sendo assassinado dentro da penitenciária, bem como Clemério que foi condenado a 33 anos. José Antonio Soares foi condenado a 26 anos e Nelson Raimundo a 11 anos.
Existem algumas pessoas que não acreditam até hoje na autoria dos disparos, dizendo que tudo trata-se de uma farsa montada pelo Carlos Lacerda para tirar Getúlio do poder. Primeiro porque Lacerda já contou diferentes versões sobre o que aconteceu naquela noite, na rua Tonelero, segundo porque Alcino diz que Lacerda atirou nas costas de Vaz e só então ele deu o tiro no peito do major, fato que foi confirmado pela autópsia e terceiro, porque Lacerda não entregou a sua arma para que fizessem a perícia.
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